Mais de seis milhões de pessoas foram afetadas pelas irradiações de Chernobyl, que lançou uma nuvem atômica, causando, mesmo na França (por onde o governo desmentiu ter passado a nuvem), uma onda de problemas com a tiroide.Porém logo tudo se esqueceu, como todos se esqueceram do vazamento na central nuclear americana de Three Mile Island., em 1979, na Pensilvânia. Os governos se sucedem e todos se submetem ao lobby do nuclear por uma energia mais barata e mais limpa, tanto nas economias capitalistas e neoliberais como tinha ocorrido na sociedade soviética comunista.É a mesma irresponsabilidade da jovem que, diante de uma ameaça invisível, preferia forçar seu companheiro a lhe comprar um novo sapato do que fugir de Chernobyl. A mesma reação do povo suíço, cuja capital Berna, fica a apenas 20km de uma central nuclear, votando no mês passado em favor da energia nuclear, para assim garantir a continuação de toda a comodidade permitida pela energia elétrica.Ora, em Chernobyl e em Three Mile Island não precisou haver terremoto e tsunami. Mas em Fukushima com terremoto e tsunami, não é apenas uma central nuclear que estourou, existem outras três em perigo a apenas 120 km de Tóquio.Nem bem o Japão passou pela catástrofe dupla do terremoto e do tsunami, que uma desgraça maior se desenha – a da irradiação atômica de uma parte do arquipélago, pequeno para conter a população e sujeito a perder parte do território por contaminação atômica. Justamente o Japão, onde foram lançadas duas bombas atômicas, cujas sequelas ainda se fazem sentir.
Ainda recentemente, quando se debatia o aquecimento da temperatura do nosso planeta, o lobby nuclear convencia os governos a investirem na energia limpa do nuclear, sem contar duas coisas – ainda não se sabe o que fazer com o lixo atômico dessas centrais e, o mais grave, essas centrais não são seguras, podendo mesmo destruir um país.Se o pior acontecer no Japão, os países vizinhos ficarão ao sabor dos ventos e a nuvem ou nuvens atômicas irão irradiar suas populações, provocando doenças como cânceres e malformações genitais nos fetos, matando lentamente pessoas infectadas pelas chuvas, pelos alimentos, pelos peixes pescados nas águas próximas do Japão.E onde instalar os milhões de japoneses obrigados a abandonar suas regiões irradiadas, mesmo se não destruídas pelos terremotos e tsunamis ? O horror do tsunami e o pavor do terremotos vemos nos vídeos pela tevê, mas a insidiosa ameaça e destruição das pessoas pela irradiação, capaz de atingir um maior número de seres, ninguém vê, é invisível.Por que então se insistir na energia nuclear, se hoje existem novas opções ou alternativas ? Por que não se optar pela energia solar nos países equatoriais e tropicais, na força das marés, na energia eolica e nas hidrelétricas, totalmente inofensivas e limpas ? A transição poderá, inicialmente, sair mais cara, porém privilegiando-se essas opções surgirão técnicas mais baratas e mais produtivas.Uma grande maioria das atuais centrais nucleares estão envelhecidas e poderão rachar e provocar vazamentos letais em muitos países, forçando populações inteiras ao exílio, comprometendo o futuro da humanidade.Enfim, vendo horrorizado as imagens de destruição provocada pelo tsunami no nordeste do Japão, me lembrei de uma autobiografia do escritor Isaac Bashevis Singer, prêmio Nobel de Literatura, filho de rabino, obrigado a se exilar nos EUA para escapar ao nazismo.
Torturado pela dúvida, ele se perguntava sobre esse ser que dizem existir lá em cima, se não seria na verdade um sádico que se compraz com as desgraças humanas ou um irresponsável pouco interessado pelas criaturas por ele criadas.Porém, na verdade, como muitos já aceitaram concluir, não há um deus maldoso, mas no planeta azul solto pelo espaço negro e frio, as formigas humanas vivem sós, sujeitas ao sabor de uma natureza cruel.
“Não há qualquer relação com o fim do mundo. Os acontecimentos geológicos e meteorológicos como vêm acontecendo são independentes uns dos outros”,
A tsunami de dezembro de 2004 no oceano Índico, o furacão Katrina no Golfo do México, o terremoto da Ásia em 2005 , entre outros mais recentes são, segundo os cientistas, uma mera coincidência, mas muitas pessoas, principalmente religiosos, vêem estas catástrofes como sinais claros da proximidade do fim do mundo.Para o tele-evangelista ultraconservador americano Pat Robertson, a série macabra marca o fim do mundo e anuncia o retorno iminente de Jesus Cristo.
“Estas tragédias começaram a acontecer com uma regularidade espantosa”, afirmou recentemente à rede de notícias CNN.Fundador da “Christian Coalition” (Coalizão Cristã), que afirma que o fim do mundo será precedido por revoltas políticas e catástrofes geológicas, Robertson interpreta os últimos acontecimentos como sinais premonitórios.Aludindo à Bíblia, recordou que no Livro Sagrado está claro que um dia Jesus Cristo voltará para iniciar uma nova era. “Só que antes da chegada deste tempo haverá dias difíceis semelhantes aos momentos que precedem o nascimento de uma criança para uma mãe grávida”, frisou.
Este pastor batista carismático, muito reacionário, é amplamente conhecido nos Estados Unidos onde também é um influente homem de negócios, sobretudo depois de ter criado uma rede de televisão – a Christian Broadcasting Network -, um canal que usa para atacar regularmente o comunismo e o islamismo.
As profecias bíblicas que evocam o fim do mundo são fontes de inúmeras teorias que sublinham a mão de Deus nas catástrofes naturais. O Evangelho de Mateus cita Jesus Cristo explicando aos discípulos que o apocalipse será precedido de terremotos. O maremoto do dia 26 de dezembro de 2004, gerado por um poderoso sismo e que matou pelo menos 217 mil pessoas, entra nesta categoria de terremotos anunciados pelo Evangelho, da mesma forma que o de sábado na Ásia meridional, que pode ter deixado cerca de 40 mil mortos.Muitos incluem qualquer catástrofe natural, o que permite aos fundamentalistas americanos acrescentar as 1.200 vítimas deixadas pelo furacão Katrina no sul dos Estados Unidos.
“É uma advertência e um prelúdio de tudo que ocorrerá na Terra… isso deveria levar as pessoas a se arrepender enquanto há tempo”, escreveu o pastor Mark Hitchcock no portal cristão fundamentalista “Left Behind Prophecy Club”.
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